Descrição
A viola açoriana
Também designada por viola da terra ou viola de arame, é o instrumento popular mais típico e mais utilizado na música regional açoriana. É comum a todas as ilhas, mostrando, apenas, ligeiras diferenças de configuração de umas para outras. A sua forma é semelhante a outras existentes no continente português, como sejam as seguintes violas: braguesa, toeira, amarantina, beiroa e campaniça, sendo, também, semelhante à viola europeia.
É composta por cinco ordens de cordas, sendo as três primeiras, de ordens duplas: primas em MI4 ou RÉ4, segundas em SI3, terceiras ou toeiras em SOL3. As duas restantes são de ordens triplas: bordão em RÉ3 e requintas em RÉ4 e bordão em LÁ2 e cimeiras em LÁ3, resultando um total de doze cordas. É de se salientar as aberturas no tampo em forma de corações, mais um atributo que a faz distinguir-se da viola terceirense.
Como não há regra sem exceção, esta aparece-nos na ilha Terceira, intitulando-se viola regional terceirense que, apesar de semelhante na forma, a sua diferença reside no facto de possuir uma sexta ordem de cordas triplas (bordão em MI2 e cimeiras em MI3), perfazendo um total de quinze cordas. Pensa-se que esta terá sido uma adaptação posterior, por influência da presença espanhola nesta ilha, repercutindo-se, também, em alguns dos temas musicais.
A sua afinação é idêntica à dos exemplares típicos das outras ilhas do arquipélago (do agudo para o grave: MI, SI, SOL, RÉ, LÁ, MI), assim como do violão, designação para o instrumento semelhante à guitarra clássica, tendo, por vezes, dimensões um pouco superiores. Atualmente, torna-se imprescindível na função de instrumento acompanhador da viola, papel que era ocupado anteriormente por outra viola regional. O tampo da viola apresenta uma abertura semelhante à da viola clássica, em forma circular.
Segundo Veiga de Oliveira, numa referência ao emprego da viola regional:
“a viola no Arquipélago, era o acompanhante natural – e forçoso – de todos os cantares festivos, descantes ou “modas” e “balhos”, “derriços”, desgarradas, desafios e despiques, e também dos devaneios sentimentais, líricos, amorosos ou a entreter saudades. […]. Ela figurava necessariamente em todas as ocasiões de folgança e lazer, nos serões, na matança do porco, nas desfolhadas, trilhas e em geral nos trabalhos colectivos, gratuitos e recíprocos […] em conjuntos ou “tunas” […]”, nos ranchos de Janeiras e dos Reises, nas danças de Entrudo e nas Folias (neste caso, só na ilha de S. Miguel)” (1)