Descrição

Os Grupos de Folias nos Açores são compostos por vozes masculinas, com um número que varia entre três e oito (ou mais) elementos. 

Na ilha de Santa Maria: São em número de três. Envergam um lenço de seda, caído sobre os ombros.

Na ilha de São Miguel: Variam entre cinco, oito ou mais elementos. Usam sobre o fato uma opa de chita estampada de cor vermelha. Poderão, ainda, usar uma mitra na cabeça.

Na ilha Terceira: Em número de três, trajam, normalmente, com uma opa balandráu de chita encarnada com estamparia de flores amarelas e, na cabeça, um lenço amarrado.

Na ilha Graciosa: São em número de três. Trajam uma espécie de opa, de cor branca ou encarnada, com um largo cabeção sobre os ombros, sem qualquer abotoadura à frente.

Na ilha de São Jorge: São três os componentes. Envergam o tradicional lenço enramado das ilhas centrais. 

Na ilha do Pico: Na generalidade os grupos apresentam-se com fato e gravata, Na Ribeirinha, usam um traje tradicional campesino.

Na ilha do Faial: O traje não é homogéneo. Poderá ser fato, gravata e opa branca (no Capelo), calça preta e camisa branca (em Pedro Miguel) ou fato e gravata (no Salão).

Na ilha das Flores: Atualmente, variam entre quatro e oito componentes. Usam, normalmente, um traje domingueiro, sobrepondo, ocasionalmente, uma opa vermelha.

Da ilha do Corvo: Infelizmente, não apresentamos nenhum registo fonográfico, devido a ausência de agrupamentos.

Ao Grupo de Folias é atribuída a função orientadora das cerimónias das festividades do Divino Espírito Santo, nomeadamente, das coroações, dos cortejos, da distribuição das esmolas e de todo o ritual em torno da refeição tradicional.

Segundo Frederico Lopes Júnior (João Ilhéu):

“[…] Eram os foliões que tomavam a direcção de todas as cerimónias, quer profanas quer religiosas, pois até na própria Igreja, por ocasião da coroação, se exibiam em danças e bailados junto do altar-mór, práctica cujos excessos foram condenados em enérgicas provisões de vários bispos, entre os quais citaremos a de D. Jerónimo Teixeira Cabral, de 1692, que a este caso particular se refere expressamente […]”.

Tendo a melodia características modais, com a sua origem nos modos litúrgicos, verifica-se, no entanto, o uso de efeitos ornamentais (mordentes, grupetos, portamentos e glissandos), podendo-se concluir que terá havido uma combinação de influências, sendo esta última, possivelmente de origem árabe.

O timbre vocal, é gutural e anasalado.

Os ritmos são regulares, mas diversos de ilha para ilha. Há uma exceção, numa das toadas da ilha das Flores, cujo ritmo tem acentuação irregular, causando uma sensação de “atropelo”, mas com resolução periódica, em forma de ostinato.

De forma geral, os instrumentos utlizados são os seguintes: tambor, pandeiro sem pele e “testos”. Como exceção, os utilizados na ilha de São Miguel, são: o violão, a viola da terra, o violino, o acordeão e o pandeiro. Esta composição representa uma evolução, relativamente às fases anteriores. Era semelhante às das demais ilhas do arquipélago, algo que se pode comprovar, através do trabalho de campo do professor Artur Santos, em alguns registos da sua campanha de 1960.

Emiliano Toste